quinta-feira, 15 de março de 2012

ARACAJU AFLITA - Leitor comenta no Facebook dia 15/03/2012



Um olhar sobre uma cidade moderna, com os entraves e mazelas sociais. O título cria expectativas, gera um suspense. Ao ler as primeiras páginas, o leitor vislumbra uma cidade diferente da propagada "cidade da qualidade de vida". Leitura indispensável para quem ama essa cidade polissêmica. Parabéns Antonio Francisco Jesus.
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    • Antonio Francisco Jesus Obrigado, pelo incentivo aos indecisos. Leiam! Mesmo que você naõ seja de Aracaju. Um argentino (meu leitor de outros livros) me ligou dizendo que pensou que eu escrevera sobre Buenos Aires. Assim também é demais! Mas que parece Itabaiana em algumas coisas, parece!
      há 42 minutos ·  ·  1

    • Magno Santos Essa é a caracterísitica mais prazerosa das memórias urbanas. O local trasmuta-se em global, o particular reveste-se de universal, o eu problema reflete o outro. Aracaju Aflita não nos leva a pensar somente sobre o Aracaju, mas também nos proporciona pensar o próprio sentido da cidade.
      há 38 minutos ·  ·  1


quarta-feira, 14 de março de 2012

MEU PRIMO WALTER FILHO GARIMPOU A MATÉRIA NO NE NOTÍCIASBwalter filho


NEnotícias
Publicado em 13/3/2012 às 17:30 h
Escritor sergipano Antônio Saracura lança novo livro
por LAYS MILLENA*

No próximo dia 17, Aracaju completa 157 anos e um dos principais escritores sergipanos, Antônio Saracura, já presentou a população com uma nova obra! Após receber, em 2010, o prêmio  Mário Cabral, Saracura apresenta “Minha querida Aracaju aflita”. O livro reúne crônicas que retratam as mazelas da capital sergipana sob a ótica do escritor. “Ando pela cidade prestando atenção em tudo e fazendo análises de situações que vejo. Ao comentar essas coisas em casa, minha esposa sugeriu que eu escrevesse. Em 2010, houve o concurso realizado pela Secretaria de Cultura e selecionei 54 crônicas para competir na categoria. Felizmente ganhei o prêmio e, agora, a Segrase (Serviços Gráficos de Sergipe) cumpriu a promessa publicando o livro”, revela o escritor em entrevista ao jornalista André Barros durante o Sergipe Notícias, na TV Atalaia.

Além desse livro, Antônio tem mais duas obras, intituladas “Meninos que não queriam ser padres”, que retrata Aracaju  e Itabaiana, e “Os tabaréus do Sítio Saracura”, apresentando relatos, romantismo, folclore e outros elementos característicos do autor. “Tenho muito orgulho dos livros que escrevi, porque neles ficam eternizadas histórias que serão lidas por muitas pessoas e, através dos textos, relembrarão momentos e conhecerão um pouco da nossa história. Muitas coisas que Aracaju tinha há 20 anos, ela possui até hoje. Tudo isso está escrito”, ressalta. Para os que gostam de escrever, o escritor sergipano aconselha leitura e prática. “Sempre que achar algo interessante, escreva sobre aquilo! Além disso, o importante é não desistir e buscar os meios para divulgar e publicar o seu material”, finaliza.




Obrigado NEnotícias, Lays Milena, André Barros, Walter de Toinnho de Senhora Jr, Ribeiro, Robério, Euclides e uma infinidade de amigos que divulgam minha obra. O trabalho mais duro do escritor é DIVULGAR, muito maior do que escrever e do que publicar. De que vale um diamante perdido no fundo da terra e que ninguém jamais o viu e verá? Se eu escrevo, preciso ser lido, independente do que que os leitores acharão de meus livros. Quem vai gostar do que nem conheceu?  14/03/2012 - às 08:10





segunda-feira, 12 de março de 2012

A IRÔNICA CONFISSÃO DO MORADOR AFLITO DE ARACAJU



            A IRÔNICA CONFISSÃO DO MORADOR AFLITO DE ARACAJU


                                                           Vladimir Souza Carvalho


Há uma necessidade premente de reservar um grande espaço de minhas pequenas estantes para os livros de Antonio Francisco de Jesus. Foi o primeiro pensamento que me veio à mente quando tive em mãos Minha querida Aracaju aflita, Aracaju, 2011, Diário Oficial, 120 pp. É o terceiro livro de sua autoria em pouco mais de cinco anos, e, outro já está pronto, nos retoques finais, o que simboliza um quarto, e, quem sabe lá na cabeça, quantos projetos e desses quantos livros ainda irão despontar. Melhor me prevenir para que todos seus livros, em meu gabinete, fiquem juntos como bons irmãos.
            A crônica é de difícil elaboração. Acho. A capacidade de dizer muito em poucas linhas desafia o poder de síntese do seu autor, no aspecto formal. Na essência, explorar temas banais e alcançar sucesso, é tarefa para os vocacionados. Nessa linha Antonio Francisco de Jesus trafega, neste terceiro livro, despojado da condição de tabaréu da Terra Vermelha, lá nos cafundós de Itabaiana, e sem mais evocar a sua passagem por um seminário. A crônica, aliás, é uma modalidade perigosa, porque ou o cara é bom, escreve bem e a crônica é bonita e atraente, ou não é bom e quebra a cara.
            Antonio Francisco de Jesus conseguiu, assim, em Minha querida Aracaju aflita a façanha de tirar leite de pedra, na abordagem de situações factuais sem grandes relevâncias geográficas, políticas e poéticas – v. g., um cachorro morto enfiado nas areias da praia, policiais que se recusam a abordar menores que roubam a pasta do filho do cronista, o bar inaugurado cuja música lhe perturba o sossego noturno, a vingança do vigia noturno ante a sua irmã (do autor) que não lhe paga um adjutório mensal, a ponto de ter de fechar a casa comercial em função dos assaltos, entre outras  -, fatos que, transmudados para suas crônicas, alcançam a levitação dos bons textos, proporcionando o interesse de quem se debruça sobre todos eles, saboreando um estilo simples, um feijão com arroz tão natural, que a noção de tempo desaparece e o livro, crônica por crônica, é percorrido num só momento. Diria até, invocando a boa e secular culinária de Itabaiana, que a leitura do livro se revela tão suave que parece uma faca afiada, dessas de cortar carne de boi, adentrando em doce de batata. 
            Depois, há em cada final o espanto ingênuo, às vezes, inocente, outras, a resignação  com o desgoverno da cidade em que mora, a ponto de o leitor, revoltado, chegar ao ponto de acreditar que a urbe  não está aflita, mas desprotegida, e aflito se encontra o seu morador, sem saber a quem recorrer quando sente o calo doer no pé diante do calçado novo, em decorrência da omissão de quem deveria agir em sua defesa.
            Minha querida Aracaju aflita se apresenta como um dos bons livros de crônicas da bibliografia sergipana, na mesma linha de um Garcia Moreno, Alberto Carvalho, Carmelita Pinto Fontes, Petronio Gomes, carregado, contudo, de características específicas na exploração de fatos banais e de textos curtos, nos quais o seu autor, sem a elegância refinada dos paradigmas invocados, escreve, como se estivesse expondo algo que participou ou foi testemunha, com a tinta da simplicidade, sem preocupação de construções rebuscadas e de exibição de cultura, bem longe de expelir qualquer espécie de poesia, mas, com a façanha de prender o leitor do início ao final nos casos vividos, deixando fincada na inocência do final de cada crônica a robusta marca da sua ironia, e, aliás, da ironia de itabaianense que escolheu Aracaju para sua morada.
            Nada disso, contudo, me espanta. Antonio Francisco de Jesus já deveria ter estourado no campo livresco a mais tempo. Experiência e talento sempre lhe sobraram, de forma que é bem positivo possa transmudar toda essa gana (o termo é colhido em Machado de Assis) de escrever para o livro o seu depoimento sobre fatos ocorridos na urbe aracajuana, que, não fosse seu registro, passariam completamente em branco.               

(artigo publicado no "Correio de Sergipe" de 10/03/2012)